Está calor, como a sua bunda, né?
Calma, rapaz. Sua cueca pode até encharcar no verão, mas não concorde com seu colega. Na verdade, ele está dizendo "como a sua bunda". É um truque fonético muito primário, mas eficaz. Dizer simplesmente "não", já lhe evita um constrangimento diante da sua turminha, mas há um jeito de soar mais esperto que seu oponente. Disfarce e diga: "com um calor assim, você deve preferir ficar num lugar aberto, com pouca roupa, uma chuvinha em cima..." Quando seu amiguinho concordar, você já inverteu o jogo. Perceba que na última oração, você também usou um subterfúgio fonético para dizer "um macho vinha em cima", insinuando que um homem viria por cima dele, situação com a qual ele concordou. Pronto, você acaba de deixar de ser o mais idiota da galera. As pessoas vão pensar duas vezes antes de botar o pé na frente quando você passar.
Você sabe fazer vitamina?
Não queira se gabar de seus dotes. No momento em que você responder que sim, seu adversário irá dizer "Então bate uma pra mim com mamão". Você talvez não entenderia quando todos os seus amigos começassem a rir da sua cara. Veja, bem. O espertinho acabou de lhe dar uma rasteira fonética, aproveitando a semelhança desta frase ingênua com outra bem maliciosa: "Então bate uma pra mim com uma mão", que seria o mesmo que "Masturbe-me usando uma de suas mãos". Horrível, não? Então quando o canalha lhe perguntar isso, responda "Não, mas posso te preparar uma banana. Pica pra você?". Pego de surpresa, ele ficará com medo de dizer que quer uma banana inteira (que poderia ter utilidades anais) e preferirá a fruta picada. Com isso, ele terá aceito uma pica, que é sinônimo de pênis no linguajar chulo. Assim, você ganhou muito respeito entre a garotada. Eles nem vão mais implicar com o fato de você ser viciado em RPG.
Você tem dado em casa?
Como jogador de RPG, ainda periga você dizer que tem dado de quatro, se referindo ao número de faces da peça. Se fizer isso, é melhor mudar de cidade. Na verdade, o bastardo está perguntando se você tem sido sodomizado em seu próprio lar, já que o verbo "dar", no imaginário popular, geralmente é usado para o ato de oferecer o ânus ou a vagina. Pois é, você teria confessado algo que nunca fez. Vamos tentar colocar seu adversário na posição de vítima. Diga assim: "Não. Mas posso passar de bicicleta rapidinho na sua casa para ver se tem lá. O problema é que tenho que encher o pneu. Não vi posto nenhum na frente de sua casa. Por acaso tem posto atrás?". Se ele disser "sim" ou mesmo um "mais ou menos", você está feito. Como? Ele acabou de dizer que tem "posto atrás", ou seja, que tem "introduzido algo em seu orifício anal". Você acabou de derrotá-lo. Seus amigos já não vão mais rir tanto quando você declarar que gostou do refrão da música das meninas do Rouge.
A que horas que o sol caminha melhor?
Como você é uma criatura ingênua e cooperativa, deve querer passar por cima da aparente falta de sentido da frase que seu colega lhe formulou. Com toda sua boa vontade, vai achar que ele simplesmente perguntou, de forma errônea, a que horas é mais apropriado caminhar sob o sol. Tolo. Na verdade, seu inimigo está usando mais um truque fonético para perguntar "A que horas soco a minha melhor?". Levando em consideração que o verbo "socar" tem conotação sexual, no sentido de "penetrar com força em estocadas regulares", qualquer resposta sua com informação sobre horários será interpretada como uma dica para o momento em que seu adversário pode sodomizá-lo com mais facilidade. Para mudar drasticamente esse quadro humilhante, aproveite a situação. Olhe para seu relógio, finja que vai lhe dar um horário e, subitamente, diga: "Sabe de uma coisa? Quero vender meu relógio. Sessenta no meu, rola?". Mesmo se não estiver interessando em comprar, a tendência é que o canalha diga "sim", só para dar prosseguimento à tentativa dele de zombar de você. Mas na hora em que ele concordou com a oferta, o sujeito já estará sendo alvo de risos. Não entendeu? É que você perguntou a ele "Se senta no meu?", ou seja, "você repousaria as nádegas em meu pênis?". Agora suas opiniões já são plenamente respeitadas pelo grupo. Você não será mais reprimido quando mencionar algum defeito naquela menina que todo mundo acha sensacional.
Bonita sua camisa! Linho fio grosso?
Que bom! Alguém finalmente reparou em sua camisa de linho grosso, não? Acorde, bobão. O pulha está mesmo lhe perguntando "Lhe enfio o grosso?", que significaria "Introduzo meu membro de grande calibre em seu ânus?". Não fique assustado. Há como dar continuidade à construção de sua nova imagem. Você pode dizer algo como "Acho que não, mas se eu usar força rasgo a sua" ou partir para algo mais complexo. Diga: "Por falar em moda, reparei que seu pé é grande. Bota em você não aperta, não?". Achando que ter pé grande significa ser dotado de avantajadas proporções penianas, seu adversário concordará. Você não deve ter percebido, mas passou a perna no coitado, perguntando "Botar em você não aperta?", ou seja, "Introduzir um membro sexual em você dá a sensação de aperto no agente ativo da relação?". É, companheiro. Chega de ser ridicularizado quando sua mãe lhe obrigar a sair com um guarda-chuva em tempo nublado. Seus amiguinhos vão lhe achar um rapaz precavido, em vez de um idiota obediente.
Há um índio sentado na floresta e outro sentado no asfalto. Qual deles tem terra na bunda?
Não se trata de um simples teste de lógica. A pergunta de seu colega tem fins obscenos. Ela significa "Qual deles te enterra na bunda", uma forma marota de perguntar "Qual deles introduz o pênis profundamente entre suas nádegas?". Chato cair nessa, não? O primeiro passo é dizer "nenhum deles". Feito isso, aproveita o tema "bunda" e diga "Por falar nisso, qual é a bunda mais virgem do mundo?". Quando ele disser que não sabe, puxe a onda de risos coletivos dizendo "Ah! Então você não garante que é a sua, hein?". É bobinha, mas funciona. Ainda mais com o prestígio que você tem agora, deixando de ser sacaneado por ser o único virgem da turma (seus amigos agora dizem que sua virgindade é decorrente de seu elevado grau de exigência).
Fala com meu pau na goela!
Não há nenhuma zombaria escondida na frase. Ela está mesmo escancarada. Seu inimigo lhe pôs numa situação imaginária na qual qualquer coisa que você disser dará a entender que você realmente estaria pronunciando algo com o pênis dele lhe tocando a garganta por dentro. É sim uma idiotice, mas a brincadeira é muito difundida em certas partes do país. Também não adianta ficar quieto, pois seu adversário diria "Engasgou, né?". A melhor saída é inverter o jogo com uma rima simples, que dá a impressão de agilidade mental. Diga apenas "Sua mãe chegou, passo pra ela!". Seus colegas não vão ligar para a possibilidade de você ter falado com o pênis do indivíduo na boca, e sim com o fato de, nesse bizarro universo hipotético, a mãe dele ter ficado com o membro entre os lábios. Essa jogada é mais um item em seu glorioso currículo. Ninguém mais se lembra das vezes em que você apanhou de coleguinhas que estavam uma série abaixo da sua na escola.
Quer ir à uma festa? Mas é a Festa do Cú e do Pau. Qual você leva?
É uma pergunta difícil. Se você disser que leva "o pau", numa ingênua tentativa de afirmar sua masculinidade, seu oponente irá bradar "Ah! Você leva pau, né?", sugerindo que você costuma receber pênis em suas entranhas. Se você disser que leva "o cú", ele o chamará de homossexual, insinuando que você quer usá-lo de forma passiva na tal festa. Uma boa forma de tirar o corpo fora e ainda abater seu inimigo é dizer: "Vou levar seu cú, para lhe fazer companhia". Mais risos gerais para laurear sua incrível ascensão social. Lembre-se que você é praticamente um mito e não precisa mais esconder que não sabe dançar nem dirigir.
Odisseu Kapyn
Publicado originalmente em janeiro de 2003
Mas uma vez encerramos mais um guia, mas ainda existe uma infinidade de frases e perguntas que seus ditos amigos podem usar para te humilhar. Isso implica em mais um futuro guia. Demais, nossos votos de que não mais sofras destas humilhações, leitor imberbe.
Compartilho da sua opinião.
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